Saturday, September 24, 2005

Thursday, September 22, 2005

Antes de mais, calorosas saudações a todos os leitores do meu blog. Creio que lhes devo uma explicação pela minha prolongada e sentida presença, e a razão é até bem simples: fui raptado por extraterrestres. Esta abdução deu-se no início do verão, tendo-me apanhado de relativa surpresa, e as negociações com os meus anfitriões alienígenas, com o intuito de me devolverem ao meu sítio de origem, revelaram-se complicadas. A nossa comunicação, em certas ocasiões, não fluía da maneira que seria de desejar, e estou certo que por vezes eles não compreendiam toda a urgência que compelia o meu desejo de regresso às inúmeras tarefas neste planeta, que de mim dependem. Enfim, aproveitei o tempo passado fora para ver coisas novas, ganhar novas perspectivas do mundo, repensar a vida, relaxar um pouco.
Eventualmente, lá chegamos a acordo quanto ao meu retorno. Marcaram-se futuros encontros, desta vez com a promessa de que irão enviar um sinal antes de aparecerem, ao invés destas visitas surpresa, que, boas intenções existindo, por vezes se podem revelar algo inconvenientes. Cá fico à espera dos meus camaradas de volta, quanto antes.

Tendo este contratempo sido resolvido, regresso aos meus afazeres, um dos quais o semear de ideias neste cantinho da internet. Apesar da imensidão de ensaios ou ideias que desejo partilhar convosco, atentos leitores Karamelistas, de momento a agenda apenas permite um rápido vislumbre de um tema que se aproximou, pairando, sobre mim, e aí permaneceu: gatos de rua e carros.
Os caros felídeos, de que, estou certo, todos adoramos pela sua notável inteligência e famoso charme, têm a curiosa tendência para, quando estão na proximidade de automóveis em rápido movimento, esperarem pelo último momento possível, para decidirem disparar a correr em frente destes. Durante a noite, estes caros amigos do Homem adicionam uma nova habilidade a este fascinante comportamento, procurando, quando avistam os faróis de um automóvel, correrem na sua direcção, e estacarem, em frente a este, num ponto exactamente a igual distância entre os faróis (portanto, no meio destes).
Não duvidando eu da já reconhecida inteligência destes animais, resta-me achar explicação para este comportamento na incansável busca por adrenalina que os leva a atirar toda a cautela pela janela fora (ou como se vê nos antigos comboios regionais, "arrojar objectos por la ventana") em busca da satisfação rápida de mais uma estrada atravessada perigosamente, mais um motorista com a tensão a subir pelo susto de tentar evitar o gato vindo sabe-se lá de onde ido sabe-se lá para onde, e de ludibriar a dona que julga que tem um inofensivo bibelot felpudo em casa, quando na verdade alberga um nihilisto-anarquista de bigodes longos e olhar frio.
Caso eu esteja equivocado, um conselho aos gatos que me lêem neste momento, ou a quem lhes possa passar a palavra: quando atravessarem à frente de um carro, não mirem entre os faróis, tentem apontar de forma a que estes passem ambos de um lado ou de outro, simultaneamente. O meu pára-choques agradece.