Thursday, June 22, 2006

Heróis e Heroínas


Na senda de comentar o que vejo no telejornal, gostava de partilhar convosco, meus amigos, a minha admiração e indignação pelos factos que me chegaram por esse meio, há coisa de uma semana.

Consta que dois senhores foram recentemente detidos em Coimbra por tráfico de droga. Estes senhores, actuando na zona histórica da Praça da República (onde geralmente se pode presenciar a Feira do Livro, a simpatia e entusiasmo dos empregados do Cartola, ou mais recentemente, os carrinhos de choque dos irmãos Lelo), venderiam heroína e outras substâncias psicotrópicas maravilhosas! ilícitas, empacotadas, a vis traficantes de droga intermediários, que depois procederiam a comercializá-las em escolas 2/3 e a betinhos filhos de srs. doutores, digo eu. A preços exageradamente inflacionados, quase que posso garantir. Não, garanto mesmo.

Até aqui tudo bem, trata-se de empresários por conta própria a tentarem sobreviver neste mundo da globalização.

O invulgar nesta história, porém, reside no facto que estes dois cavalheiros conseguiram burlar os (verdadeiros) traficantes de droga, vendendo-lhes pacotes de arroz em vez de heroína, recorrendo a sofisticados subterfúgios dignos de Danny Ocean e o seu grupo de trabalho. As minhas fontes exclusivas indicaram-me que o arroz usado nestas transacções, para cúmulo, era o de pior qualidade disponível(!) nas grandes superfícies, o que eleva a humilhação dos malignos traficantes compradores a níveis de pathos inimagináveis.

Ao ouvir histórias de heróis como estas, sinto, sinceramente, orgulho no engenho (tantas vezes arrastado por ruelas oleosas e a cheirar a sardinha e cascas de fruta antigas) português. Não só isso, ainda mais o descomunal volume e densidade dos órgãos produtores de sémen (colhões) destes rapazes, ao ponto de humilharem essa corja de tão má fama e tão diminuto valor social como são os mafiosos (gangstas), que são assinaladamente perigosos por normalmente carregarem completos e variados arsenais.

Infelizmente, a história não acaba bem, porque algum traficante que se sentiu tratado como realmente merece deu com a língua nos dentes, e a polícia deteve estes dois heróis nacionais. Coisa que Portugal sempre fez bem foi desmotivar e maltratar os seus heróis (pelo menos, enquanto vivos, enaltecendo-os postumamente, como se para compensar a vergonha da inacção no momento adequado).

E aqui entra a minha vergonha, em ver estes exemplares lutadores contra o crime aprisionados por venderem arroz. Já os agricultores portugueses tinham razões de queixa, agora ainda mais têm após este precedente.

Que não nos esqueçamos dos Batméns e Dick Tracys que por cá temos, e os tratemos com respeito. E saibamos reconhecer um herói, estando ele envolvido com a heroína ou não.



Se quiserem mais pormenores:

http://sic.sapo.pt/online/...droga1
http://www.portugaldiario.iol.pt/...droga2
http://www.diariocoimbra.pt/...droga3

Let's look at a traila - Part II

Este senhor disse muito do que eu penso sobre crítica cinematográfica, e disse-o em inglês, que como todos sabem, é mais fino que o português, por isso vou transcrever a parte para mim mais relevante:

"(...)
The best part of writing about movies (and there are dozens of good aspects to the gig) is the opportunity to get just one reader per review to change their mind about film or persuade them to see something differently. The purpose is not to simply say, "This is good," or, "This totally blows." Anyone can say that, and most competent readers can come to those conclusions on their own. No, it's imperative to dig in to the hows and whys of a film's successes and failures, to pull it apart and look at it in the light of our culture and society and faith and political system and everything that influences our worldview. Older critics can't just assume people will take their word for it that some films are good and others are bad. Criticism is (importantly) dependent on communites of informed judgment, but the average reader isn't a part of that community and often doesn't care to be. You have to reach that reader, to make someone who couldn't care less about the difference between Bay and Truffaut appreciate something new or different in a film.

If we fail that reader, then we fail the vocation itself. My brothers, this should not be. The goal of the whole thing is to serve the greater good, to, like the man said, "raise the level of public debate in this country, and let that be our legacy.""


No próximo post, vou falar de traficantes de arroz. Até já.

Friday, June 09, 2006

Miso pt.1

Hoje, ao visionar uma notícia na televisão sobre um desfile de moda organizado pelas mulheres dos jogadores da Selecção, apercebi-me de um pormenor curioso. As profissões destas meninas são consistentemente modelos, ou então nada. Trata-se de actividades características do putedo, portanto. Não há nenhuma que tenha uma profissão nobre como médica, advogada ou professora. Tiremos daqui as nossas elações sobre o carácter dos jogadores de futebol, e dos homens em geral, que tendo o poder de escolha oferecido pelos seu status resultante de altos vencimentos e vida social movimentada, escolhem elementos dessa classe tão adorada e vácua, como é o putedo, por companhia, ao invés de pessoas interessantes e quiçá, mentalmente mais equilibradas, como é o caso de "indivíduas" fora deste universo.


(Inveja eu? Confesso alguma, pelas facilidades de uns de terem certas coisas de bandeja. Mas é de curto impacte na minha vivência, essa inveja)

Monday, June 05, 2006

Pensamento do dia

"Todos se estavam a divertir à grande, até que chegou alguém cheio de boas intenções e estragou tudo"