Na senda de comentar o que vejo no telejornal, gostava de partilhar convosco, meus amigos, a minha admiração e indignação pelos factos que me chegaram por esse meio, há coisa de uma semana.
Consta que dois senhores foram recentemente detidos em Coimbra por tráfico de droga. Estes senhores, actuando na zona histórica da Praça da República (onde geralmente se pode presenciar a Feira do Livro, a simpatia e entusiasmo dos empregados do Cartola, ou mais recentemente, os carrinhos de choque dos irmãos Lelo), venderiam heroína e outras substâncias psicotrópicas
Até aqui tudo bem, trata-se de empresários por conta própria a tentarem sobreviver neste mundo da globalização.
O invulgar nesta história, porém, reside no facto que estes dois cavalheiros conseguiram burlar os (verdadeiros) traficantes de droga, vendendo-lhes pacotes de arroz em vez de heroína, recorrendo a sofisticados subterfúgios dignos de Danny Ocean e o seu grupo de trabalho. As minhas fontes exclusivas indicaram-me que o arroz usado nestas transacções, para cúmulo, era o de pior qualidade disponível(!) nas grandes superfícies, o que eleva a humilhação dos malignos traficantes compradores a níveis de pathos inimagináveis.
Ao ouvir histórias de heróis como estas, sinto, sinceramente, orgulho no engenho (tantas vezes arrastado por ruelas oleosas e a cheirar a sardinha e cascas de fruta antigas) português. Não só isso, ainda mais o descomunal volume e densidade dos órgãos produtores de sémen (colhões) destes rapazes, ao ponto de humilharem essa corja de tão má fama e tão diminuto valor social como são os mafiosos (gangstas), que são assinaladamente perigosos por normalmente carregarem completos e variados arsenais.
Infelizmente, a história não acaba bem, porque algum traficante que se sentiu tratado como realmente merece deu com a língua nos dentes, e a polícia deteve estes dois heróis nacionais. Coisa que Portugal sempre fez bem foi desmotivar e maltratar os seus heróis (pelo menos, enquanto vivos, enaltecendo-os postumamente, como se para compensar a vergonha da inacção no momento adequado).
E aqui entra a minha vergonha, em ver estes exemplares lutadores contra o crime aprisionados por venderem arroz. Já os agricultores portugueses tinham razões de queixa, agora ainda mais têm após este precedente.
Que não nos esqueçamos dos Batméns e Dick Tracys que por cá temos, e os tratemos com respeito. E saibamos reconhecer um herói, estando ele envolvido com a heroína ou não.
Se quiserem mais pormenores:
http://sic.sapo.pt/online/...droga1
http://www.portugaldiario.iol.pt/...droga2
http://www.diariocoimbra.pt/...droga3